O drama é mesmo uma das maiores potências da sétima arte. Sempre presente em premiações, o gênero é conhecido por diversos trabalhos marcantes ao longo da história. O interessante é que ele nunca fica velho, encontrando espaço para diversas vertentes e tramas quando o público menos espera. Questões familiares, tragédias, a busca por mudanças, superações e, até mesmo, romances são apenas algumas das possíveis características que marcaram presença em algum momento neste estilo tão conhecido. Entretanto, mesmo com tanto espaço e destaque, é interessante observar quando surgem aqueles filmes que conseguem conciliar mais um dos aspectos citados, encontrando espaços e momentos no decorrer do que é apresentado, sendo exatamente o caso de A 100 Passos de Um Sonho.
A trama começa acompanhando uma família indiana que perdeu tudo, mas está em busca de recomeçar a sua vida em outro local. Com isso, eles acabam indo para a França. No local, eles acabam abrindo o seu próprio negócio. E assim, quando Madame Mallory (Helen Mirren), a fria chef e dona de um restaurante renomado da cidade, fica sabendo que um estabelecimento de comida indiana abriu a 100 passos do seu, logo seus protestos gelados se transformam em guerra entre os dois negócios. Entretanto, aos poucos ela conhece o filho do seu adversário, Hassan Kadam (Manish Dayal), um garoto com verdadeiro talento para a culinária que pode alçar voos muito mais altos do que imagina.
A verdade é que trata-se de um filme que acontece em crescimento. Começando parado, mostrando apenas mudanças, apenas mais pra frente que o título vai mostrando sua pretensão, deixando Madame Mallory como um pilar da sua trama, mas sendo contado pela visão de Hassan Kadam. O jovem chef é o protagonista do projeto, que tem uma narrativa interessante ao mostrar suas diversas características e encontrar uma união dentro da sua proposta, incluindo o romance com uma jovem chef. Além disso, é também muito bem produzido, com uma ótima ambientação na França e uma trilha sonora que encaixa perfeitamente dentro do seu contexto.
A grande questão do filme é que ele não busca a excelência, mas sim o encanto. Lasse Hallström consegue novamente expor suas características através da sua direção, lembrando o clima apresentado em Chocolate em certos momentos. Sabendo exatamente o que mostrar, o cineasta divide a produção em seus aspectos corretamente e sabe como expressar as importâncias de seus momentos. É eficiente de tal forma, encontrando o caminho correto até o seu momento final.
Enquanto isso, na frente das telas, Helen Mirren não é a protagonista, mas é claramente a liderança do elenco. É com a introdução da sua personagem que tudo parece ganhar uma motivação maior, mostrando um certo desafio por ambas as partes no roteiro. É também de tal forma, por conta da sua posição, que outros nomes vão evoluindo, sendo o caso de Hassan e do seu interesse amoroso, a jovem Marguerite. É claro, ela também não fica estagnada, interpretando uma personagem que começa o projeto em um aspecto totalmente diferente do inicial. Mesmo assim, ainda vale ressaltar que o restante do elenco protagonista, mesmo que desconhecido, também merece o espaço conquistado.
E assim, sem apresentar uma perfeição, mas contendo momentos cativantes dentro do que é projetado para ser entregue ao espectador, a produção vai sendo desenvolvida e mostrando aos poucos todos os seus aspectos através de diversos detalhes e aprendizados. Entre um dos principais, a mistura de culturas e culinárias. Contudo, isso não quer dizer que outras questões são deixadas de lado, pelo contrário. É através dessa abordagem central que os valores familiares são mostrados, assim como sentimentos de personagens, o romance que cresce e a amizade que floresce aos poucos. É também de tal forma que o sucesso de Hassan acontece, suas conquistas são ampliadas e o mesmo percebe que a glória, por vezes, está apenas em fazer o que gosta perto das pessoas que ama e no local que lhe agrada. E assim, seguindo tal proposta, A 100 Passos De Um Sonho mostra os seus valores com um final respeitável.
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