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Depois de suas aventuras na floresta, onde ficou e foi criado por macacos, Tarzan (Alexander Skaargard) conhece Jane (Margot Robbie) e parte para viver em Londres. Anos depois, já “domesticado” e com comportamento de lorde, ele recebe um convite para ser um emissário do parlamento britânico no território onde conhece bem. Mas, como sempre vilões aparecem em seu caminho, ameaçando o amor de sua vida e a paz do continente africano.
Tudo bem que se percebe desde os trailers que A Lenda de Tarzan é um filme feito exclusivamente para angariar seus milhões de bilheteria, visto seu arrojo visual, quase nauseante, que carregam principalmente as cenas de frenesi pela selva. Mas, ainda assim, se a proposta era trazer uma trama que se passasse após que o mito já estivesse consolidado, devia-se valorizar mais a contraposição entre homem/animal, e o que se tem de bom e ruim entre suas personalidades. Contudo, a história segue a mesma linha da trama original, mas sem os fatos interessantes da vida do personagem, que é seu aprendizado em meio o mundo selvagem.
A narrativa proposta por Yates tem um apelo quase que exclusivamente visual, que tenta valorizar ao máximo os combates corporais (aí se valendo das câmeras lentas) e as incursões nauseantes de Tarzan pelo meio da selva. Além disso, impõe características sobre humanas ao personagem, que enfrenta gorilas em par de igualdade, o que seria até aceitável se fosse o antigo Tarzan, ainda selvagem e com a virilidade animalesca. Sendo assim, é um pouco contraditória a visão inicial do lorde John com a posterior volta aos costumes antigos, como se não houvesse nenhum intervalo de tempo inserido no filme.
Não há como negar que a produção é a melhor que a era do CGI e os milhões hollywoodianos poderiam proporcionar. A direção de arte é primorosa, assim como a maquiagem, e os efeitos visuais espetaculares. Entretanto, a forma como busca uma ação mais moderna para capturar o público atual, acaba por desvalorizar os personagens em si, perdendo Tarzan sua presença forte de cena, vista desde a época de Johnny Weissmuller. Até seu famoso grito é abafado, como se fosse piegas demais para tanta modernidade.
Mesmo que o elenco se esforce para incorporar o espírito selvagem do filme, o estereótipo não exige interpretações mais do que razoáveis. Skaargard faz apenas o que seus antecessores já fizeram, com a exceção de dar o famoso grito, apenas ouvido ao longe. Margot Robbie é simpática e Samuel L. Jackson um alívio cômico bem-vindo. Mas, a decepção é por conta de mais um caricato vilão divertido que Christoph Waltz incorpora. Passou da hora de mudar. Parece que Hans Landa não abandona seu corpo…
A Lenda de Tarzan, no fim das contas, é um filme que cumpre seu papel de acompanhamento para pipoca de luxo. Vai, de fato, agradar ao grande público que está mesmo à procura de entretenimento com gigantescos efeitos visuais em 3D. Mas, como cinema, esta adaptação de Tarzan deixa muito a desejar e fica bem atrás do bom Greystoke, A Lenda de Tarzan, O Rei da Selva (1984) e dos clássicos estrelatos por Weissmuller.