Classificação:
Para tentar se recuperar da recente perda de sua mãe, a jovem médica Nancy (Blake Lively) parte para uma praia paradisíaca e isolada, onde sua mãe visitou quando estava gravida dela. Entretanto, ela é atacada por um grande tubarão e acaba ficando ilhada em um pequeno recife que sumirá assim que a maré encher. Mesmo ferida ela terá de encontrar uma maneira de sair da água e sobreviver.
O que de fato chama a atenção em Águas Rasas é a forma como o roteirista especialista em terror Anthony Jaswinski conseguiu criar uma cadencia que deixa uma tensão latente se desenvolver na primeira meia hora de filme. Todo mundo sabe que o tubarão irá atacar, a qualquer momento, e esperar o momento certo em introduzir a ação consegue captar o interesse do público, não deixando que o banal impere.
Talvez, o excesso de produções com tubarões lançados ultimamente, como a tosca franquia Sharknado, deixam uma sensação de deja vu quase que inevitável. Porém, essa situação de isolamento da personagem de Lively, que lembra mais o bom Mar Aberto (2004), consegue ser simples e impactante com a onipresença do vilão da história. Sem exagerar no drama pessoal da protagonista, o filme foca mesmo é na situação limite, no embate homem (mulher!)-natureza e no senso de sobrevivência.
Entretanto, quando finalmente somos lançados ao confronto de Nancy com o tubarão, o filme se torna irregular. O diretor Jaume Collet-Serra alterna bons momentos em que valoriza o perigo subjetivo que espreita a presa, com momentos em que se rende a cenas totalmente apelativas, que desafiam a lógica. Ou seja, conduz o filme com a mesma inconstância de sua carreira, onde se destacou no ótimo A Orfã (2009), e deixou a desejar em bobagens dispensáveis, como o recente Noite sem Fim (2015).
Há de se destacar a atuação de Blake Lively. A garota de Quatro Amigas e um Jeans Viajante (2005) e da série Gossip Girl (2007-2012), que chegou a maturidade com o ousado Selvagens (2012), já havia chamado a atenção em A Incrível História de Adaline (2015), mas aqui, sozinha e tendo que carregar o filme nas costas, consegue uma segurança que não a deixa apresentar o mais do mesmo de filmes do gênero. Esse desempenho pode alçar sua carreira a desafios ainda mais interessantes.
Mesmo que nem de longe chegue ao patamar da obra-prima de Spielberg, Águas Rasas consegue ser um filme interessante, que prende a atenção do público e chega a dar alguns bons sustos. Talvez com uma trilha sonora mais competente aqui, e uma direção mais experiente ali, seria um filme bem acima da média.