WHIPLASH – EM BUSCA DA PERFEIÇÃO | CRÍTICA

Whiplash - Em Busca da Perfeição
Whiplash – Em Busca da Perfeição

Primeiro a batida, leve, sobe, entra o grave intenso, em meio ao suor, às lágrimas, o sangue, tudo sob a regência de um monstruoso J. K. Simmons, que xinga, zomba, desafia, humilha, mas eleva a categoria do ato de se fazer música. Isso tudo já seria o suficiente para levar qualquer um, seja amante da música, seja do cinema ou da loucura mesmo à assistir Whiplash – Em Busca da Perfeição. Mas Damien Chezalle, assim como seus personagens, queria mais. Em um roteiro simples, todavia poderoso, promove um tour de force entre a música, o mestre e o público. Um puro banquete de som e fúria, regado a um jazz de altíssima qualidade.

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O jovem baterista Andrew (Miles Teller) sonha em se tornar um grande nome da música. Mas, para isso, primeiro tem de entrar para a banda do respeitado e controverso mestre do jazz da faculdade onde estuda. Porém, quando finalmente consegue a vaga, percebe que os métodos de Terence Fletcher (J. K. Simmons, incrível) são tão agressivos quanto sua sede de encontrar um músico à altura dos grandes mitos. Nessa epopéia, Andrew acaba deixando sua vida reduzida apenas às baquetas e ao grande sonho de sua vida.

Não dá para saber se a ideia de Damien Chezalle era fazer um filme sobre o jazz, u a busca de um jovem pelo sonho, ou então a obsessão de um homem pela perfeição, o que importa é que o produto desta combinação gerou um filme hipnótico, autosuficiente tanto no que diz respeito ao caráter musical e ao drama esquizofrênico em que somos arremessado destes os instantes iniciais. Nos primeiros trinta minutos quase não há diálogos, apenas berros insanos de um mestre sociopata que, literalmente, faz sangue e suor saltar das mãos já trêmulas de Andrew.

Sabiamente, o diretor não investe no roteiro em si, usa e abusa de uma montagem frenética, tão incisiva e agoniante quanto o espetáculo assustador de Darren Aronofsky em Cisne Negro (2010). Mas, no caso de Whiplash (que por sinal é uma das composições mais difíceis que o garoto tem de aprender no filme), essas mudanças aceleradas, enlouquecidas, não provocam o mal estar que Aronofsky e seu hip-hop montagem tanto adoram, elas instigam, faz até o mais leigo em música segurar a respiração e tentar acertar o tom junto com o cada vez mais pilhado aluno.

Na regência do espetáculo está um extraordinário J. K. Simmons que de coadjuvante cômico dos filmes do Homem-Aranha surge como um bastião de uma época em que o “good job” não era o suficiente. Em que o impecável não é o perfeito. É impossível não odiar seu personagem, assim como não se maravilhar com sua astúcia e perícia, e que faz jus a todos os prêmios que recebeu e receberá. O garoto Teller compreende o que deveria fazer, e o faz. Se tivesse errado o tom da atuação, teria prejudicado toda a proposta de Chezalle.

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Enfim, Whiplash é frenesi, o mergulho na alma de um músico, de um instrumento, de um aprendiz e de um mestre. Tão ágil quanto o tempo de produção (incríveis dez semanas), vai despertar a paixão dos amantes da música e cair nas graças da cinefilia de plantão. E, mesmo em meio ao pandemônio de suor, sangue e música, ainda há tempo de se perguntar até onde você iria para alcançar a perfeição no que faz? Dizem que Charlie Parker só de tornou o “Bird” (por sinal, cinebiografado por Eastwood em 1988) por que Jo Jones jogou sem dó um prato de batera em sua cabeça….

Classificação:
Excelente

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